Ontem, quarta–feira passei um dia de muita expectativa, estava de folga, tranqüilo, por isso resolvi pela manhã ir ao supermercado fazer umas comprinhas (odeio isso), à tarde como de costume leitura (estou lendo “ O jogador” Dostoiévsky), depois um chimarrãozinho, tudo disposto a aguardar a chegada das 22h, horário da estréia do meu internacional na copa do brasil contra o união de rondonópolis-MT. A expectativa era a melhor possível, já que o colorado vinha de resultados positivos no nosso entrevero pampeano.
Vinhamos de uma vitória no Gre-Nal o que de alguma forma avalizava a possibilidade de vitória ontem, o adversário desconhecido "União Rondonópolis do MT" pode ou melhor poderia num primeiro momento ser comparado ao nosso glorioso sapucaiense; preparei minha pipoca, meu guaránazinho, liguei a televisão cheio de expectativa em ver Nilmar, D’alessando, Guinazu e cia. Queria ver principalmente Taison como titular enfim.. acreditei que com está máquina pampeana menos de 6 seria prejuízo. Pois bem, lá pelos 25 minutos do primeiro tempo comecei a me assustar, vi um união dando show enquanto o internacional campeão do mundo assistia a saranda passivamente. Aos 30 minutos lembro-me que apaguei, dormi profundamente, só fui acordar lá pelos 30 minutos do segundo tempo, sobressaltado com uma sensação horrível, sentindo o lado direito do corpo completamente dormente, estava surdo, foi uma sensação de sufocamento insuportável. Bateu o pavor! E agora? O que está acontecendo? Será um derrame!
Levantei-me deseperado do sofá e me fui direto ao quarto, chutando porta, tudo o que via pela frente, queria chamar minha esposa que dormia tranquilamente. Dei um berro, assutei ela e minha cadelinha guaipéca. Foram 10 minutos de pavor, suposições e delírios. Resolvi ir direto ao pronto socorro, afinal seguro morreu de velho. Chegando lá fui ao otorrino por indicação do médico da emergência. Sentei-me na cadeira do doutor falando um monte de barbaridades, indaguei sobre todas as possibilidades possíveis ligadas ao meu sintoma; ele sempre quieto, agindo como se nada tivesse acontecendo. Afinal o problema ali era meu e não dele. Nunca entendi a forma fria utilizada pelos médicos no trato com pacientes, falamos, indagamos e a resposta geralmente vem através de monossílabas.
Após examinar-me, em dado momento me fitou e disse “felizmente não atingiu o tímpano” não entendi esta afirmação, me apavorei!!!! O que ele esta falando? Até que lembrei-me que à tarde entre livros e mateadas havia solicitado à minha esposa a gentileza de limpar meus ouvidos, sempre faço isso mas ontem resolvi pedir auxilio, manha às vezes é bom ( não é mesmo?). Queria estar com os ouvidos limpos para escutar bem os seis gols que o inter aplicaria no União à noite, resultado que eliminaria o clube mato-grossense já na primeira rodada, evitando o jogo de volta no beira-rio. Isso daria tempo de descanso aos atletas, e condições de preparação para as próximas partidas coloradas. Lembrei-me também que durante a limpeza senti um leve ardor no ouvido o que causou um pequeno sangramento, nada que assusta-se num primeiro momento , será? engano meu; a pequena lesão havia comprometido o canal auditivo de tal forma que terminou por fechá-lo, levando à necessidade da realização de toda esta odisséia. Resolvido o problema, que de grave não tinha nada; era apenas uma bola de cera e uma leve lesão auditiva. (infelizmente tenho o dom de ser fiasquento, palavras do médico) me fui pra casa a pensar sobre os fatos; concluui que a a lição que aprendi se fazia necessária.
Desde criança nunca acreditei em castigo divino, mas ontem a providência divina que segundo alguns escreve certo por linhas tortas resolveu mostrar que ele existe. Deus em uma das suas bem-aventuranças diz "BEM-AVENTURADOS OS HUMILDADES". Poxa! Quem em sã consciência acreditaria na derrota colorada. Nem Freud! mas!!!!
Obrigado meu bom Deus! creio que agora aprendi a lição, ou melhor as lições; primeiro, como bom colorado que sou, devo saber que o internacional não é imbatível, segundo; aprendi que não devo nunca mais colocar cotonetes no ouvido.
Espero que daqui pra frente eu tenha aprendido com a dor, que o senhor escreve certo por linhas certas, eu e o Internacional é que líamos de forma errada.